Entre janeiro e julho, investimentos caíram 42%; em Minas, algumas empresas do setor remam contra a maré
Embora altamente promissor, o mercado de startups tem sido fortemente afetado pelo cenário econômico no decorrer de 2022. Entre janeiro e julho, os investimentos neste tipo de negócio somaram 3,3 bilhões, valor 42% menor que os US$ 5,7 bilhões alcançados nos primeiros sete meses do ano passado. Os dados são do estudo Inside Venture Capital, da plataforma de inovação Distrito em parceria com o Bexs Banco.
Apenas em julho, o volume aportado nas startups foi de US$ 235,6 milhões. Enquanto que no mesmo mês do ano passado, foram levantados US$ 483 milhões, ou seja, queda de 51%. No mês, o setor de real estate (mercado imobiliário) foi o que mais levantou, totalizando US$ 75,5 milhões. Na sequência aparecem as fintechs, com US$ 58,9 milhões, e as startups ESG, com US$ 41,7 milhões.
Diante do ambiente econômico conturbado, que soma inflação, juros altos e oscilação de demanda, o cenário tem sido altamente desafiador para as startups. Para contornar os efeitos, as empresas estão em constante transformação e resiliência, alterando estratégias corporativas e operações.
Minas Gerais é celeiro para o desenvolvimento deste tipo de negócio. No ranking da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), aparece em terceiro lugar em quantidade de empresas, à frente estão Santa Catarina e São Paulo. O Estado abriga algumas das principais startups nacionais e algumas delas continuam com resultados positivos e ainda projetam crescimento para 2022.
O DIÁRIO DO COMÉRCIO listou 5 startups mineiras que estão com bons desempenhos em 2022.
Sólides
A Sólides, por exemplo, é uma HRTech líder no Brasil com foco em pequenas e médias empresas. Por meio da plataforma all in one e uma metodologia exclusiva ajuda no crescimento dos negócios por meio da gestão de pessoas com inovação e tecnologia. Nos últimos três anos, a empresa cresceu 5 vezes e o número de clientes triplicou, atingindo 12 mil empresas e mais de 4 milhões de vidas ativas gerenciadas, despontando na liderança do segmento em meio ao ecossistema das Scale Ups no Brasil.
Com a aquisição do Tangerino, neste ano, a empresa atingiu a marca de mais de 20 mil clientes e, para o final do ano, a meta é dobrar este número. Além disso, na contramão da onda de layoff, a Sólides manteve 100% do time e ainda tem vagas estratégicas em aberto para preencher.
Nubbi
A Nubbi é uma edtech com sede em Poços de Caldas (Sul de Minas), que oferece educação de nível técnico e profissionalizante. Fundada em 2018, a startup desenvolveu o conceito de Ensino Sem Distância (ESD), uma metodologia exclusiva que oferece educação por meio de uma metodologia simplificada e uso de recursos tecnológicos, lúdicos e interativos; com a finalidade de aproximar cada vez mais o aluno do conteúdo que ele precisa assimilar.
A empresa trabalha nos mercados B2C, B2B e B2B2C, com cursos profissionalizantes e técnicos e tecnologia educacional, sendo produtos de prateleira e/ou desenvolvimento sob demanda, com foco na prática do aluno. Entre as plataformas que desenvolve, a principal delas é a Leveduca, streaming de educação com foco em oferecer conteúdos para o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus alunos.
Em 2021, a empresa realizou R$ 9 milhões em vendas e obteve faturamento bruto de R$ 6 milhões; em 2022 projeta vender R$ 15 milhões e alcançar faturamento bruto de R$ 10 milhões. Até o primeiro semestre deste ano, o crescimento em vendas e faturamento foi superior a 70%, na comparação com o mesmo período de 2021. Com alunos em mais de 10 países, os cursos da Nubbi estão disponíveis para o acesso de 3,6 milhões de pessoas.
Minds Digital
A Minds Digital, primeira ID Tech especializada em biometria de voz no Brasil, recebeu em maio uma rodada de investimento de R$ 1,5 milhão da BR Angels para fomentar as áreas de produto, comercial e marketing da startup. A empresa, que utiliza inteligência artificial para identificar padrões de comportamentos suspeitos em tempo real e diminuir os riscos em operações que envolvem autenticação por voz, já conseguiu prevenir R$ 20 milhões em fraudes bancárias e tem contribuído cada vez mais com o ecossistema antifraude.
Desenvolvido com algoritmos próprios, o projeto junta tecnologia de ponta e profissionais talentosos para proteger pessoas e empresas de fraudes. Com foco no mercado financeiro, as soluções de voz ajudam a prevenir e detectar fraudes em canais digitais de relacionamento, como telefone, aplicativo e WhatsApp, em até 1 segundo. Hoje, são cerca de 40 funcionários, que trabalham em todos os cantos do País ou nos escritórios em São Paulo e Belo Horizonte.
Em 2021, a Minds registrou crescimento de 52%. Para 2022, a projeção da empresa é ter um crescimento três vezes maior, com foco na experiência do usuário e nas melhorias da plataforma.
Pelando
A Pelando é outra startup mineira que vai muito bem. Trata-se de uma rede social de compras que reúne promoções e também disponibiliza cupons de desconto nos principais e-commerces do País. A empresa seleciona ofertas, recomenda e permite que os próprios membros compartilhem e comentem sobre produtos ou serviços com descontos, cupons promocionais, prazos de entrega, frete, condições de pagamento, entre outras, gerando uma troca de informações na ‘comunidade’. Antes de serem postadas no site e no aplicativo, todas as ofertas passam por um rigoroso crivo que valida e indica a ‘temperatura’ – quanto mais quente, melhor.
A plataforma já conta com 1,3 milhão de usuários e crescimento de 30% na base de cadastros. Dessa maneira, o crescimento da empresa segue em ritmo disparado de 100% ano ano desde a sua fundação, em 2015. Os lucros giram em torno de R$ 3,5 milhões, por meio das publicidades de parceiros como Magazine Luiza, Americanas e Via, entre outros. A expectativa do fundador Guilherme Vieira é crescer 125% este ano e tornar o Pelando muito mais do que uma social commerce. “Queremos ser o Facebook das compras on-line”, diz.
Onfly
A Onfly é startup especializada em viagens corporativas e em 2021 recebeu aporte de R$ 2 milhões do fundo Cedro Capital e mantém no planejamento a participação em novas rodadas de captação. A empresa terminou o ano com 300 clientes recorrentes. Para 2022, a meta é chegar a 900.
A empresa foi fundada no final de 2018, em Belo Horizonte, como uma startup que lança mão da automação e da inteligência artificial para prestar a corporações em geral serviços de gestão de viagens e despesas corporativas.
Quando a empresa preparava sua consolidação, veio a pandemia de Covid-19 em março de 2020. Foi praticamente a zero de faturamento, mas reformulou suas estratégias e voltou a crescer. Atende a empresas de várias partes do Brasil e dos mais variados portes e setores da economia.
FONTE: diariodocomercio.com.br