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Copom mantém Selic em 13,75% ao ano

A permanência da taxa básica de juros em patamar elevado preocupa o setor produtivo diante do aumento da inadimplência das empresas


O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano. Havia a expectativa de redução dos juros diante da desaceleração da economia e da pressão do setor produtivo e do governo. Ainda assim, o comitê do Banco Central optou pela cautela.


Segundo o BC, a Selic foi mantida, entre outros motivos, por causa da piora do ambiente internacional e das incertezas em relação ao arcabouço fiscal previsto para ser apresentado em abril pelo governo.


Para Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito Financiamento e Investimento (Acrefi), o BC manteve sua postura pragmática e técnica. “A mensagem que o banco passa é que se a inflação e a ancoragem das expectativas perseguidas não forem atingidas, a política de aperto monetário será retomada”, diz Tingas.

O BC persegue a meta de inflação de 3% para o próximo ano. Mas há outros fatores que podem pesar nas próximas decisões do Copom, segundo o economista da Acrefi.

“O aumento da inadimplência preocupa. No caso das empresas, elas estão rolando crédito com taxas elevadíssimas, o que significa que o passivo cresce cada vez mais e o custo de rolagem é cada vez maior, então, a geração de caixa começa a ser insuficiente para pagar as dívidas”, diz.


Diante desse cenário, a expectativa de Tingas é de que o BC comece a baixar os juros em maio ou junho.


INDÚSTRIA

A manutenção da Selic em 13,75% foi considerada "equivocada" pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). "A taxa básica de juros no patamar atual foi um dos fatores determinantes para a desaceleração da atividade econômica no final de 2022 e seguirá como um limitador em 2023”, informa em nota a entidade.


A CNI ainda ressalta, sem citar nomes, que é preciso levar em consideração que os eventos adversos relacionados a grandes empresas varejistas no país terão influência negativa sobre o mercado de crédito. "Esses acontecimentos têm levado ao aumento de provisões por parte dos bancos, o que reduz a oferta e tende a encarecer o crédito. Assim, deve haver retração das concessões de crédito nos próximos meses, com reflexos negativos sobre a atividade econômica."


COMÉRCIO

Para Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a decisão do Copom ocorre em linha com as expectativas do mercado financeiro, que ainda mostra preocupação com a inflação.


“A manutenção da Selic também se justifica pelo fato de o Banco Central norte-americano (FED) ter aumentado em 0,25% a taxa de juros básica, e pela incerteza externa gerada pela quebra de alguns bancos nos Estados Unidos e na Europa”, explica Ruiz de Gamboa.

Segundo o economista da ACSP, os dois fatores tendem a elevar a cotação do dólar no Brasil, gerando pressão adicional nos preços internos.


Ele pondera que o novo arcabouço fiscal pode reestabelecer a solvência das contas públicas, o que geraria redução nas expectativas de inflação e, com isso, viabilizaria a queda da Selic, permitindo maior geração de empregos e atividade econômica.


HISTÓRICO

A Selic continua no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Essa foi a quinta vez seguida em que o BC não mexeu na taxa, que permanece nesse nível desde agosto do ano passado.


Antes do início do ciclo de alta, que iniciou em meados de 2021, a Selic chegou a 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica, iniciada em 1986.


Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.


FONTE: dcomercio.com.br

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